quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Páginas em Branco



Certa vez, me sentei e vi suas páginas em branco. Elas descreviam o que é você; elas contavam muito sobre tudo o que sente. Eu não conseguia encontrar uma única palavra naquelas páginas em branco, mas elas me contavam o segredo mais profundo, o seu sonho mais íntimo, a verdade escondida por trás das palavras invisíveis. Você se escondia.

Certa vez, me sentei e deparei com suas páginas em branco. Vez ou outra encontrava palavras soltas e desconexas no meio das páginas em branco, elas não combinavam em nada com o que parecia estar escrito, estas confundiam a história. Eu chorei!

Sentada em frente as páginas em branco, uma caneta, decidi sub-escrever e traduzir todas as palavras das páginas em branco. As páginas rasgaram, as páginas choraram em silêncio absoluto; elas sangraram. Me arrependi.

Certa vez, eu sentei em frente as páginas em branco. O vício por ler aquelas palavras inebriaram a minha mente e a minha alma. As pessoas perguntavam: O que você lê tanto? Não existe absolutamente nada! Mas elas não entendiam a profundeza das páginas em branco. Elas contavam uma história, aquelas páginas em branco.

Certa vez, me sentei em frente as páginas em branco. Eu me sentei na frente destas páginas por toda a vida.

Todas as noites as colocava sob meu peito, as suas páginas em branco. Agora faz tanto sentido.

Hoje eu me sentei em frente as suas páginas em branco. Aquelas que você tinha deixado para eu ler. Hoje eu finalmente as entendi.


Aquela seria a última vez que eu leria as suas páginas em branco. Elas escreveram: Adeus!

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